O Projeto 'Avaliação e Promoção da Cultura Ambiental no Ensino Superior' (- Assessing and Promoting Environmental Culture in Higher Education; 2022.03754.PTDC) foi selecionado para financiamento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia com 240.190,28 euros (https://doi.org/10.54499/2022.03754.PTDC). O Projeto decorre entre 1 de março de 2023 e 28 de fevereiro de 2026 para caracterizar e compreender a literacia ambiental dos estudantes do ensino superior em Portugal. São parceiros da Universidade da Madeira neste projeto de investigação a Universidade Aberta, a Universidade dos Açores, a Universidades do Algarve, a Universidade de Aveiro, a Universidade da Beira Interior, a Universidade do Minho e o Instituto Politécnico de Leiria, sendo junto dos estudantes destas mesmas instituições que o Projeto procurará compreender os processos de promoção da literacia ambiental. O Projeto conta com uma equipa multidisciplinar, nomeadamente das áreas de educação, biologia, ambiente, engenharia, sustentabilidade, filosofia e psicologia, distribuída pelas 8 Instituições do Ensino Superior participantes, num total de 12 investigadores. Para além de conhecer os níveis de literacia ambiental com que os estudantes chegam ao ensino superior e como evoluem até à conclusão das licenciaturas, esta equipa reunirá diversas variáveis relativas aos próprios estudantes, ao corpo docente, aos curricula dos cursos, às atividades desenvolvidas e aos cuidados ambientais já implementados nos campi, para, assim, identificar quais as que mais influenciam o sucesso da educação ambiental. Como resultado deste projeto de investigação, passará a estar disponível pela primeira vez em Portugal o perfil do estudante à chegada ao ensino superior, no que diz respeito aos níveis de literacia ambiental (conhecimentos, atitudes e comportamentos relativos ao ambiente) e conhecer-se-á a influência e a evolução que decorre a partir daí. Igualmente importante serão as respostas que o estudo procurará obter sobre as abordagens a adotar para melhor promover a literacia ambiental dos estudantes e desenvolver uma cultura ambiental no ensino superior português.
Desde a década de 1970, a humanidade vem explorando recursos e emitindo poluição muito além da biocapacidade do planeta. A pegada ecológica humana é agora muito maior que o Planeta Terra (75% maior), e estamos enfrentando uma crise ecológica, na qual as mudanças climáticas, o desmatamento e a poluição são apenas alguns exemplos das consequências da nossa incapacidade de respeitar o equilíbrio natural. A esperança na tecnologia para lidar com esta terrível ameaça não é suficiente. Necessitamos de uma transformação cultural na forma como o ser humano se relaciona com a natureza, algo que pode e deve ser alcançado através da educação.
A cidadania ambientalmente literada é um importante objetivo da educação ambiental (EA) e é fundamental para a melhoria da qualidade do ambiente. A literacia ambiental (LA) inclui um amplo espectro de componentes, nomeadamente o conhecimento e a compreensão de conceitos, problemas e questões ambientais, um conjunto de disposições cognitivas e afetivas e um conjunto de habilidades e capacidades cognitivas, juntamente com as estratégias comportamentais apropriadas para tomar decisões sólidas e eficazes em uma variedade de contextos ambientais). Para capturar o mais essencial, vários autores identificaram o conhecimento, a atitude e o comportamento ambientalmente responsável como os principais aspetos para caracterizar a Literacia Ambiental. Desde as últimas décadas, em Portugal e no mundo, um abrangente esforço em Educação Ambiental foi feito, mas, surpreendentemente, a crise ecológica é cada vez mais grave, fazendo com que alguns autores questionem a sua eficácia. A avaliação da Literacia Ambiental em um grupo ou contexto é a melhor estratégia para avaliar os resultados da Educação Ambiental e abordar a necessidade de melhores práticas e estratégias. No entanto, em Portugal, a Educação Ambiental é muito pouco avaliada, trabalhando principalmente no escuro. Como constatado em estudos anteriores, é urgente uma melhor compreensão dos processos de educação ambiental e da forma de se tornarem mais eficazes, nomeadamente considerando os contextos socioculturais em que se desenvolve. Já foi proposto anteriormente pelo Investigador Principal deste Projeto a adoção de um processo de transformação sociocultural para construir comunidades de educação ambiental que pudessem levar à promoção de Literacia e de Cultura Ambiental (Cultura Ambiental- complexo sistema de códigos, normas e formas de organização compartilhados por uma sociedade, ou grupo social, aprendido através da educação e da socialização, que contribui para a manutenção dos equilíbrios ambientais, e que se manifesta através de normas, crenças, valores, atitudes, conceitos, conhecimento, hábitos, práticas, comportamentos, tecnologias, expectativas, estilos de vida, instituições e modelos de organização social e económico que, como um todo, garante a sustentabilidade ambiental de uma comunidade.
Apesar de ser uma área multidisciplinar, a integração curricular da Educação Ambiental em Portugal tem-se centrado num grupo específico de disciplinas clássicas, nomeadamente Ciências Naturais, Geografia e Biologia. Sofre também de “infantilização”, concentrando-se maioritariamente nos alunos mais novos, com estratégias pedagógicas baseadas em atividades lúdicas e recreativas. À medida que os alunos crescem, são envolvidos cada vez menos em projetos e no currículo de Educação Ambiental, sendo sintomático que, em Portugal, o programa de educação ambiental Eco-Escolas envolva cerca de 66% dos alunos do ensino básico e apenas 2,2% dos alunos do ensino superior.
Da escassa informação disponível para o ensino superior, parece que as fragilidades encontradas para outros níveis do sistema educativo podem estar aqui exacerbada. De facto, em Portugal, não existe uma avaliação sistemática e nacional exaustiva da Literacia Ambiental nos estudantes do ensino superior, nem sequer para caracterizar e sistematizar o esforço e as estratégias de Educação Ambiental, nomeadamente através do greening do currículo e do campus, ou traçar um perfil da sua Cultura Ambiental. Revelando a necessidade de melhoria da Literacia Ambiental, um estudo que incluiu Portugal revelou que entre os cinco principais obstáculos à implementação da sustentabilidade nas universidades está a falta de sensibilidade. Também um estudo de caso sobre o mestrado em Cidadania e Participação Ambiental da Universidade Aberta revelou inconsistência entre a teoria e a prática nos seus contributos de educação para o desenvolvimento sustentável, exigindo melhorias curriculares. Adicionalmente, a análise dos planos e estratégias das universidades públicas portuguesas mostra que as instituições de ensino superior não foram suficientemente envolvidas na educação para a sustentabilidade, não estando integrado em uma abordagem global da instituição e revelando falta de Cultura Ambiental.
Apesar dos estudos anteriores, e da conhecida resistência à mudança, várias Instituições do Ensino Superior português têm assumido, nos últimos anos, o desafio da gestão ambiental e da sustentabilidade, incorporando-o nos seus documentos estratégicos e concretizando-o através da sua oferta formativa, integração em projetos de Educação Ambiental e esforço de greening dos seus campi. Também, recentemente, à luz da liberdade académica, foi criada em Portugal uma Rede de Campus Sustentável, que já integra mais de 30 Instituições. Assim, tendo em conta a forte influência que os cidadãos com formação superior podem ter nas sociedades, bem como o facto de cerca de metade dos jovens frequentarem este nível de ensino, é muito preocupante que o ensino superior em Portugal e no estrangeiro possa estar aquém das suas responsabilidades na promoção da Literacia e da Cultura Ambiental. Além do mais, não será aconselhável melhorar os esforços de Educação Ambiental sem conhecer, primeiro, os níveis de Literacia Ambiental com que os alunos iniciam o ensino superior em Portugal, bem como as variáveis mais relevantes para o sucesso da sua promoção.
Caracterizar a literacia ambiental de estudantes e professores do ensino superior, tanto no início da formação, evidenciando o nível trazido do ensino secundário, ao longo e ao final da licenciatura.
Caracterizar o grau de greening dos curricula nos cursos de licenciatura do conjunto representativo das Instituições de Ensino Superior portuguesas.
Caracterizar o grau de greening dos campi num conjunto representativo de Instituições de Ensino Superior Portuguesas.
Investigador Responsável
Universidade da Madeira
Co-Investigador Responsável
Universidade da Madeira
Universidade dos Açores
Universidade da Beira Interior
Universidade do Algarve
Universidade do Algarve
Universidade do Algarve
Universidade do Minho
Universidade da Madeira
Instituto Politécnico de Leiria
Universidade Aberta
Universidade Aberta
Universidade Aberta
Instituto Politécnico de Leiria
Universidade da Madeira
Universidade de Aveiro
Março a setembro de 2023.
Outubro de 2023 a fevereiro de 2026.
Janeiro de 2024 a janeiro de 2025.
Janeiro de 2024 a novembro de 2025
Julho de 2024 a fevereiro de 2026.
Março de 2025 a fevereiro de 2026.
O Projeto ‘Avaliação e Promoção da Cultura Ambiental no Ensino Superior’ (2022.03754.PTDC) é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P./MCTES, através de fundos nacionais (PIDDAC), no valor de 240.190,28 euros.
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